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Transformação digital docente

Tornou-se uma fala vazia justificar a urgência da forma-ção continuada às atuais mudanças do mundo. Que o mundo mudou e continuará mudando todos já sabem, mas o que sua escola está fazendo para empoderar os principais agentes dessa transformação: os professores?
Texto Lara Silbiger

Em menos de quatro décadas, a transformação digital mudou completamente nossa forma de atuar no mundo. Revimos conceitos até então estabelecidos e vivenciamos novas experiências de interação, cooperação e compartilhamento. A forma de conviver se transformou, assim como a maneira de consumir informação, refiná-las e conectá-las. Reaprendemos todos os dias a viver no mundo em que nossos alunos já nasceram imersos.

Você deve estar acostumado com esses clichês e a ser tachado como “imigrante digital”, tentando aprender a língua do momento para adentrar o mundo dos “nativos digitais”. Estes conceitos foram propostos pelo escritor Mark Prensky, em 2001, e reverberados até hoje mundo afora. Dizia ele: “Se educadores imigrantes digitais realmente querem educar nativos digitais – ou seja, todos os seus alunos – eles precisarão mudar. É hora de eles pararem de resmungar e, como diz o slogan da Nike para a geração de nativos digitais, ‘Just do it!’ (simplesmente faça)”. Acontece que ao longo dos anos um grande número de trabalhos científicos chegou a conclusões diferentes, como o artigo “Os mitos do nativo digital e do multitarefas”, publicado em 2017 na revista Teaching and Teacher Education e endossado pela revista Nature, que afirma, com base em dados e pesquisas formais, que direcionar o ensino com base nesses fatos é “incorrer no erro de presumir que seus alunos possuem talentos e habilidades que os professores não possuem”. Com isso, assegura que, embora a forma como significamos o mundo tenha mudado, cabe ao professor e ao coordenador assumirem as rédeas e formalizarem a maneira como lidam com a informação on-line, tanto para as novas quanto para as gerações dos próprios profissionais, numa perspectiva de aprendizado contínuo.

O novo mundo, o mundo de hoje

A sociedade atual vem presenciando o que está sendo chamada Quarta Revolução Industrial ou Indústria 4.0, que se reflete em um mundo cada dia mais interconectado, complexo e incerto. Não é à toa que imaginar as profissões do futuro virou um exercício de alto risco. “Fugimos dos nomes de profissões e nos concentramos nas habilidades que serão necessárias. Estas são mais previsíveis, úteis e passíveis de serem desenvolvidas e praticadas – o que não é possível em se tratando de profissões que ainda nem sabemos como vão se chamar”, afirmou Amar Kumar, líder da pesquisa “O futuro das habilidades: empregabilidade em 2030”, em entrevista ao portal Porvir.
De acordo com esse estudo, as habilidades ligadas à criatividade, originalidade, fluência de ideias e tomada de decisão estarão em alta no final da próxima década.
A pesquisa também revela que o setor de Educação tende a ganhar mais eficiência com o avanço das tecnologias digitais, bem como expandir sua força de trabalho. Entre os nichos que devem se destacar, Kumar cita as mentorias individuais. “Haverá alta demanda tanto por aprender quanto por aprender como se aprende”, diz.

Educação 4.0

Impulsionada pela Indústria 4.0 e seus impactos sobre a economia e o mundo do trabalho, a Educação 4.0 vem ganhando força. Ela se apropria das tecnologias digitais – não só como ferramentas, mas como agentes de transformação – para repensar as experiências de aprendizagem nas escolas. Baseada no conceito de learning by doing (em português, aprender fazendo), sugere que o processo de aprendizado contemple vivências, projetos, experimentação e mão na massa.
O objetivo da nova escola deve ser criar um espaço propício para que o aluno saia da condição de sujeito passivo e ocupe o eixo central da aprendizagem – por exemplo, em um ambiente de incentivo à inovação, invenção, resolução de problemas e colaboração. “Cabe ao professor conduzir tudo isso; afinal, ninguém melhor do que ele para entender as necessidades de desenvolvimento dos alunos de hoje”, afirma Anna Katarina Vasconcellos, gerente de Inovação e Projetos do Moderna Compartilha.

Frente aos novos papeis do professor, a formação docente adquire um caráter estratégico nas instituições de ensino. “Se queremos o aluno preparado para enfrentar os desafios deste século, precisamos ter a escola e o professor devidamente preparados para o que está por vir e empoderados como líderes desse processo”, explica Márcia Carvalho, diretora de Negócios do Moderna Compartilha. Esse é justamente um dos maiores desafios da Educação 4.0, que visa garantir a relevância dos educadores em um mundo hiperveloz, ambíguo e incerto.

As principais habilidades da era digital e os insights pedagógicos que os educadores precisam aprender e ensinar foram listados e são atualizados periodicamente pela organização sem fins lucrativos que é referência mundial em Tecnologia na Educação, o iste (International Society for Technology in Education).

Ele definiu sete padrões, ou standards, com as competências que os educadores precisam desenvolver para potencializar a adoção de boas práticas de inovação, integrando novas tecnologias. O objetivo é aprofundar a prática pedagógica, promover a colaboração entre colegas, repensar as abordagens tradicionais e preparar os alunos para impulsionar o próprio aprendizado.

As metas, com suas respectivas competências, são específicas para cada padrão. Em “Aprendiz”, por exemplo, os educadores devem aprimorar sua atuação enquanto aprendem e exploram práticas promissoras em prol da melhoria do aprendizado. Já em “Analista”, entendem e usam dados para orientar suas instruções, bem como ajudam os alunos a atingir suas metas de aprendizado. No standard “Cidadão Digital”, por sua vez, os educadores inspiram os estudantes a participar do mundo digital com responsabilidade e a contribuir de forma positiva. Em “Designer”, desenvolvem atividades em ambientes que sejam autênticos, acolham a diversidade e sejam voltados para o aprendiz. O foco no aluno também está presente no standard “Facilitador”, que privilegia o aprendizado com tecnologia para ajudá-lo a conquistar os standards que o iste elaborou especificamente para estudantes. Por fim, em “Líder” o desafio é identificar oportunidades de liderança para melhorar o ensino, a aprendizagem e o sucesso do aluno.

Fonte: ISTE Standards – www.iste.org

Padrões iste no Brasil

Em parceria com o iste, o Moderna Compartilha — plataforma global de educação do Grupo Santillana que empodera o educador para viver na cultura digital – trouxe para o Brasil os padrões de formação profissional. Eles são referência para o recém-lançado programa de Desenvolvimento Gradativo para Professores Compartilha. “Nos baseamos nas descrições que o iste faz das competências do educador contemporâneo e montamos um programa alinhado à realidade do Moderna Compartilha nas escolas privadas do país”, explica Anna Katarina.

A nova iniciativa prevê a formação integral dos professores e o desenvolvimento gradativo de competências docentes específicas para atuar nas escolas hoje.

São propostos percursos formativos orientados por um coach presencial e um aplicativo de coach virtual, que trazem diferentes níveis de complexidade, bem como desafios e atividades para se colocar em prática as competências em fase de desenvolvimento. “O objetivo é tirar o professor do papel de ministrador da disciplina para elevá-lo à função de educador, com instrumentos para formar os alunos”, diz Anna. Ao fim de cada etapa, o professor recebe uma certificação do Instituto Crescer e, ao final de todo o percurso, é reconhecido como professor padrão iste.

O Desenvolvimento Contínuo de Professores começa a ser implementado nas escolas no primeiro semestre de 2019. “Será um divisor de águas para os parceiros do Moderna Compartilha. Além dos professores, que acompanharão seu próprio desenvolvimento conforme avançam nas trilhas de formação, a gestão pedagógica também poderá acompanhar e ter uma visão sistêmica do desenvolvimento do corpo docente”, comenta Sônia Marques, gerente comercial.

Até dezembro, o Moderna Compartilha deve investir R$20 milhões em projetos e ações que incentivam a inovação no aprendizado. “Para os próximos anos, outros R$60 milhões já estão reservados para impulsionar mais etapas do programa de desenvolvimento docente, certificação dos nossos coaches pelo Instituto Brasileiro de Coaching, produção de conteúdo, criação de plataformas e novas iniciativas de formação”, revela Márcia Carvalho.

Competências contemporâneas

Diante do desafio de formar os alunos em todas as suas dimensões – cognitiva, socioemocional e digital –, as escolas buscam se consolidar como espaços de educação integral. “Trata-se de formar os alunos para enfrentar algo que ainda é desconhecido, mas para o qual precisam estar preparados e munidos de flexibilidade, organização, autonomia e espírito empreendedor”, afirma Solange Petrosino, gerente de Serviços Educacionais da Moderna.

Tamanha expectativa em relação às competências contemporâneas impulsiona a formação integral dos estudantes. “Em uma relação dialógica com a sociedade, as escolas se transformam para acompanhar as novas dinâmicas do mundo”, diz Solange. Ela explica que, além de favorecer o desenvolvimento de competências em todas as áreas, a formação integral também deve prever a avaliação desse processo. “Para muitas instituições, é um grande desafio, e os percursos formativos dão subsídios para que os profissionais estejam preparados.”

Ecossistema de evolução

A cultura da evolução e protagonismo está na essência do Moderna Compartilha, que privilegia o potencial de ação da comunidade escolar frente aos seus próprios desafios e necessidades de transformação. Isso se reflete nas estratégias e métodos que o projeto adota desde a sua concepção.

A plataforma nasceu em 2012 para atender a demanda por novidades em tecnologia educacional no mercado privado. “A pressão aumentava a cada dia, especialmente à medida que se começou a falar de sala de aula invertida, competências do século XXI e novos papéis da Educação”, lembra a diretora de negócios Márcia Carvalho. Os primeiros objetivos traçados foram instalar equipamentos de ponta nas escolas, oferecer tecnologia embarcada nos livros didáticos e ensinar os professores a se relacionar com tudo aquilo em sala de aula.

O projeto começou efetivamente a rodar em 2013, quando a entrega dos primeiros tablets e projetores simbolizou o pontapé da inserção digital de 68 escolas parcerias naquele ano. “Os novos dispositivos não só substituíram o computador como levaram o conceito de mobilidade para dentro das instituições”, destaca Márcia.

Para ampliar a oferta de conteúdo, firmaram-se acordos com parceiros a partir de 2014. “Além de livros e enciclopédias digitais, trouxemos jogos pedagógicos do Xmile, livros-aplicativos em 3D da EvoBooks, avaliações e simulados para o Fundamental II e Ensino Médio, propostas de produção textual do EntreLetras, a plataforma LMS (Learning Management School) de gerenciamento de conteúdo, entre outros”, enumera.

Uma nova fase começou em 2016, quando se intensificaram as reflexões sobre o que significa estar inserido no universo digital. “Antes de mais nada, é reconhecer-se como parte de um ecossistema, no qual cada instituição desenvolve sua própria cultura digital”, comenta Anna Katarina. Ela explica que esta última tem relação direta com a forma como a comunidade escolar se organiza, os usos que faz dos dispositivos tecnológicos e da rede, o aproveitamento para fins pedagógicos, de entretenimento e socialização, entre outros fatores que acabam formando sua identidade digital.

No ano seguinte, o Moderna Compartilha inovou com os Chrome Books. “Além de ser uma evolução tecnológica, foi um caminho que adotamos para que os professores passassem a produzir conteúdo, em vez de só consumir”, conta Márcia.

Outra estratégia para aumentar o engajamento da comunidade escolar no aprendizado dos estudantes foi a criação de um portal específico para as famílias – o Compartilha em Família, com temas ligados à Educação contemporânea. “Formar os pais exige mais que informá-los. Requer o empoderamento deles com relação a tudo que gira em torno do aprendizado”, diz Solange. A iniciativa também visou ao alinhamento da família com a escola. “Os pais precisam entender o que é desenvolvimento de competências, como se avalia, o que se prioriza hoje na formação e compreender que tudo isso tem a finalidade de preparar os jovens para o desconhecido, um mundo em movimento.”

Em 2018, mais avanços deram novos contornos à plataforma. Um deles foi a parceria com o Google for Education, com ferramentas que facilitam a colaboração na sala de aula (por exemplo, Gmail e Documentos Google) e aplicativos como Google Earth e WeVideo. Outra evolução que marcou aquele ano – uma das mais ambiciosas até agora na história do Moderna Compartilha – foi a criação do programa de Desenvolvimento Gradativo para Professores, e a parceria global com o iste.

A voz das escolas

“O Moderna Compartilha facilitou a comunicação entre estudantes e professores por meio da plataforma interativa e do fórum. O projeto também ampliou a capacidade investigativa dos alunos graças aos materiais que favorecem a pesquisa antes das aulas, o que é essencial para a metodologia ativa aplicada na nossa escola.” Edmundo F. de Castilho Filho é vice-diretor do Colégio ISBA, Salvador (BA).


“A possibilidade de saber, em tempo real, como os docentes estão trabalhando traz mais assertividade ao trabalho do gestor. Além disso, as novidades postadas a cada dia permitem ao coordenador pedagógico orientar projetos de incentivo ao professor, gerando mais interação e prática no dia a dia.” Teresa Cristina Hallal é coordenadora pedagógica na Associação Literária e Educativa Santo André, em São José do Rio Preto (SP).


“A parceria com o Moderna Compartilha sempre foi agregadora, com muitas trocas de experiências e apoio dos coachings e consultores. Isso nos trouxe a oportunidade de rever práticas pedagógicas e introduzir, com mais eficiência, a tecnologia nas salas de aula. O resultado é uma maior conexão entre os professores e também com os alunos – estes inclusive passaram a compartilhar conhecimento e interagir mais para o crescimento de todos.” Karin Vianna é coordenadora pedagógica no Colégio SER, em Jundiaí (SP).


Saiba mais sobre cidadania digital em iste.org. Fontes: Porvir, Pew Research, Microsoft, Symantec e Association for Psychological Science. Dados Brasil: Banda Larga no Brasil: um estudo sobre a evolução do acesso e da qualidade das conexões à internet – nic.br / cetic.br

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