O desafio da sustentabilidade e a lição de casa dos gestores 

Como tudo no campo da sustentabilidade, é preciso iniciar por um olhar para dentro, nas ações internas da própria organização, e é isso o que estamos fazendo.

Texto: Luciano Monteiro

Cada vez mais, a palavra complexidade está presente em todos os debates sobre os desafios do mundo contemporâneo. Nada é simples ou se explica por uma causa única, nenhum problema pode ser enfrentado sem o olhar interdisciplinar, não há tema que não apresente uma dimensão local e, simultaneamente, global. E tudo é urgente.  

Da mesma forma, o conceito de sustentabilidade perpassa todos os rumos que escolhemos tomar, como indivíduos, coletivos, como planeta. Sustentabilidade envolve novas práticas, estilos de vida, implica decisões difíceis, pressupõe investimentos em uma nova educação – e nada acontece sem forte entendimento do que seja compromisso. 

Pois é exatamente pela complexidade desse desafio que a Santillana desenvolveu a estratégia institucional Educação aliada à sustentabilidade, ratificada com o lançamento do seu Plano Diretor de Sustentabilidade, em 2022, na qual assume compromissos ambientais, sociais e de governança. 

Novas metas foram integradas à própria atuação da empresa, ou seja, a ação empreendedora em si mesma, promovendo a convergência com a Agenda 2030 da ONU. 

Cada compromisso assumido possui metas atreladas e indicadores de desempenho cuja finalidade, em última instância, é tirar as boas ideias do plano das intenções e gerar impacto real e positivo para as pessoas e para o planeta. 

Mas como tudo no campo da sustentabilidade, o compromisso não se refere ao que os outros podem fazer: é preciso iniciar por um olhar para dentro, nas ações internas da própria organização, e é isso o que estamos fazendo. Sustentabilidade é de verdade. 

Para citar alguns exemplos, ficamos felizes em compartilhar que a sede principal da empresa, no Brasil, se tornou Aterro Zero em 2023. Na matriz, em São Paulo, 100% dos resíduos gerados são reaproveitados. O lixo orgânico vira adubo, o material reciclado volta para a indústria e o não reciclável é usado para geração de energia para as cimenteiras. Até agosto, último dado disponível antes do fechamento desta edição, foram encaminhadas para reaproveitamento 28 toneladas de resíduos, poupando 136 m³ em aterro sanitário e gerando 1.100 kg de adubo orgânico, 11.184 kg de resíduos reciclados e 17.722 kW/h de combustível energético. 

Associada a essa ação, temos também o Programa de Reciclagem de Lixo Eletrônico: de 2022 até meados de 2023, coletamos e destinamos 4,5 toneladas de resíduos eletrônicos que, se descartados sem cuidado, contaminariam o lençol freático, com risco ao meio ambiente e à saúde por conta dos metais pesados que fazem parte de sua composição. Após a coleta, todo o material foi descaracterizado, separado e vendido para reciclagem. 

Sempre com a preocupação de ações sustentáveis constantes, ou seja, que não tenham curta duração nem baixa prioridade, seguimos desenhando novos projetos e implementando com responsabilidade como lição de casa organizacional que todos os gestores, inclusive os gestores escolares, devem fazer.

A dimensão educativa 

É preciso pensar na inseparável dimensão educativa que, por sua vez, traz sempre um componente de comunicação na sociedade contemporânea. Assim, dentro do mesmo arcabouço estratégico, a Santillana, por meio de sua Fundação, vem editando e distribuindo publicações gratuitas para a formação de educadores. 

Livros de referência 

São mais de 100 mil exemplares anuais de obras de referência sobre temas centrais das políticas educacionais, do ensino, da aprendizagem e da difusão de boas práticas. Em nossa biblioteca digital, é possível ler e baixar todos esses materiais. Desde 2019, os títulos passam a ser publicados em formato acessível para pessoas com deficiência visual.

Podcasts

Ao mesmo tempo, foram lançados dois podcasts. O podcast Na Escola, em parceria com a Editora Moderna, a Fundação Santillana e a Comunidade Educativa Cedac, funciona como um conteúdo complementar ao livro Coordenação escolar, recentemente lançado. 

Outro podcast que vem se tornando uma referência trata da educação antirracista e chama-se Educação e Relações Étnico-Raciais no Brasil. A série, em sua segunda temporada, aborda a necessidade de uma educação democrática e que lute para combater as desigualdades étnicas e raciais na sociedade.

Novas ações 

Todas as ações envolvem redes de parceiros e de especialistas, em um movimento de ação coletiva. Nada se faz sozinho. É preciso envolver cada vez mais atores sociais e, sempre, a escola.  

Esse foi o sentido do Prêmio Escolas Sustentáveis, iniciativa internacional da Santillana, da Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) e da Fundação Santillana, que mobilizou quase 800 escolas apenas no Brasil que apresentaram propostas no campo do ensino e da gestão. O objetivo é reconhecer, incentivar e dar visibilidade às escolas que trabalham com os pilares ESG (do inglês Environmental, Social and Governance — Ambiental, Social e Governança). 

No mesmo sentido, lançamos o curso virtual aberto Educação para o desenvolvimento sustentável, destinado a professores e gestores da América Latina. Desenvolvido para tratar da temática da Agenda 2030 e orientar a prática docente, o curso promove ações para transformar o contexto escolar por meio da navegação autônoma e uso de recursos multimídia, com experiências contextualizadas sobre os ODS, destacando avanços na América Latina. A formação estimula os alunos a modificarem seus contextos e o professor a fortalecer a prática docente. 

Novas ações se desenham. Agora, precisamos saber mais sobre o que pensam os diretores e professores. Por isso, convidamos a todos a responder à Pesquisa Sustentabilidade nas Escolas do Brasil, coordenada pelo Instituto Significare, sobre até que ponto as escolas brasileiras e seus professores conhecem e assimilam as questões relativas ao Desenvolvimento Sustentável. Para participar, basta acessar em: https://mod.lk/ed25_su4.  

Os resultados vão ajudar toda a sociedade, bem como as escolas, a pensar sobre como estabelecer e reforçar compromissos para vencer o desafio mais complexo que vivemos: legar um mundo sustentável e digno para todos e para todas.

Luciano Monteiro é Diretor Global de Comunicação e Sustentabilidade da Santillana.