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Escolas que se reinventam

Conheça duas experiências na rede pública que atraíram as famílias e suas comunidades em prol do propósito da educação das crianças e de melhorias do entorno.

Texto: Ricardo Prado

A escritora Carolina Maria de Jesus — que no início dos anos 1960 se tornaria conhecida ao ter seu livro Quarto de despejo: diário de uma favelada publicado — chegou à favela do Canindé, às margens do rio Tietê, na capital paulista, em 1947. Tinha na época 33 anos, estava grávida e desempregada. Ao longo das duas décadas seguintes, ela trabalharia como catadora de papel enquanto à noite escrevia seu diário. Mesmo tendo apenas dois anos de escolarização, Carolina era uma leitora ávida, hábito que adquiriu nos tempos em que trabalhou como empregada doméstica na casa de um médico eminente e teve livre acesso à sua biblioteca. 

Seu livro de memórias, Diário de Bitita, publicado postumamente em 1986 com o apelido que a escritora teve na infância, inspiraria, décadas mais tarde, Claudio Marques Neto, o diretor da Escola Municipal de Ensino Fundamental Infante Dom Henrique, a alcançar um grande objetivo: trocar o nome da escola em homenagem à escritora. A saga de Cláudio durou sete anos, envolveu a ação de três vereadores e partiu de uma escolha coletiva da comunidade escolar que mantêm vivo o orgulho de dividir aquele espaço, próximo à antiga favela do Canindé, com a vida e a história de Carolina de Jesus. 

A troca do nome pode até parecer uma ação simples, mas é emblemática quando parte de uma comunidade colaborativa que decidiu homenagear alguém que compartilhou as vivências daquele entorno e estava inserida nas dores daquela comunidade em vez do Infante Dom Henrique, rei português que fundou as bases da empresa colonial escravista portuguesa. Para a mudança, o diretor Claudio precisou recorrer ao apelido de infância da escritora (Bitita) para driblar a proibição de existirem dois aparelhos públicos municipais com o mesmo nome, já que Carolina de Jesus também batiza um CEU (Centro Educacional Unificado) em outra região da cidade. Mas a área de onde a escritora retirou seu sustento e em que seus registros são contados em seu impactante diário era ali, na vizinhança onde hoje se localiza o Espaço de Bitita. Nada mais justo que a troca do nome. E nada mais necessário que existir aquele espaço naquele lugar. Pois esta é uma escola única e que estabeleceu vínculos muito fortes com sua comunidade, bastante heterogênea, mas com um traço comum entre as famílias de seu entorno: a alta vulnerabilidade social.

A Emef Espaço de Bitita fica na região entre os bairros do Canindé e do Pari, na confluência dos rios Tietê e Tamanduateí, e atende, desde sua fundação nos anos 1960, às 300 famílias que ainda moram na área da antiga favela Canindé e a um conjunto de prédios populares chamado Condomínio Olarias – uma área bastante carente da cidade. Esse grupo perfaz cerca de 30% do alunado; outros 40% formam o grupo composto de filhos de imigrantes, especialmente angolanos e latino-americanos (bolivianos, chilenos, peruanos e paraguaios) que vivem no bairro do Pari. Há, também, outras etnias, como paquistaneses, bengalis e afegãos – dentre estes, as crianças que integravam o grupo de refugiados que durante meses frequentou os bancos do Aeroporto Internacional de Guarulhos até terem o asilo político concedido. Na escola, esse grupo encontrou um espaço acolhedor, que reconhece seus idiomas nas placas indicando biblioteca, laboratórios, salas e banheiros. 

A escola também conta com cerca de cem alunos que estavam em condição de rua e estão abrigados nos CTAs (Centro Temporário de Atendimento). Como a condição de permanência nas casas-contêineres que integram os oito CTAs instalados na vizinhança da escola é a convivência pacífica, quando há algum conflito, os menores abrigados são transferidos para outro equipamento, em algum bairro distante. Para evitar a transferência dos estudantes, a escola conta com um trabalho bastante intenso de mediação de conflitos. Por fim, o Espaço de Bitita, neste ano, passou a receber alunos e alunas transexuais, vindos de dois CTAs criados pela Prefeitura para atender pessoas deste grupo em situação de vulnerabilidade.

Comunidade de aprendizagem

Carlos Eduardo Fernandes Júnior (chamado de Cadu), coordenador pedagógico da Emef Espaço de Bitita, entende e valoriza a diversidade de histórias e influências culturais de seu corpo estudantil, por isso aposta na parceria com as famílias para criar um ambiente mais integrador. “Todas as ações são pensadas para que eles se reconheçam como comunidade de aprendizagem”, explica o coordenador, que há sete anos deixou seu cargo na Secretaria Municipal de Educação pelo desafio permanente de se integrar ao Espaço de Bitita.

Da escolha do novo nome da escola ao formato do boletim apresentado nas reuniões bimestrais, a intenção é trazer os pais e responsáveis para bem perto da escola. Nessas ocasiões, os professores apresentam detalhadamente a progressão dos alunos, tanto em termos acadêmicos quanto socioemocionais, e criam espaços de trocas entre as famílias para que elas se conheçam e criem laços. 

Ali há uma equipe docente aguerrida, com baixo índice de faltas e muito comprometida com a discreta revolução pedagógica em curso. O ano letivo é dividido em Roteiros Pedagógicos, que duram em média cinco a seis semanas, e abarcam todos os componentes curriculares em torno de temas geradores. O estudante só avança para o roteiro seguinte com todos os itens do anterior concluídos. “Os pais conseguem acompanhar facilmente se o filho está terminando o roteiro ou não. São oito colunas com todas as disciplinas”, explica Cadu. 

O incentivo à participação dos alunos acontece a todo o tempo. Há muitos comitês estudantis que propõem temas que vão de educação antirracista a imigração, da recepção de quem chega à escola ao planejamento do Espaço Semear (uma área externa de plantio de hortaliças), da limpeza e organização de materiais aos diálogos sobre gênero, das artes às atividades de lazer, entretenimento, esportes e comunicação. Há um momento previsto no horário escolar para essas reuniões, nas quais a fala e a escuta atenta são exercidas, às vezes, com o uso de instrumentos simbólicos de fala, como uma singela colher de pau que sinaliza quem está com a palavra. “A gente para a escola por duas horas. Todo mundo vai para uma sala e pensa em ações relacionadas ao seu comitê, e o que eles vão realizar ao longo das próximas quatro semanas”, esclarece o coordenador.  

Sobre o cotidiano escolar, o coordenador pedagógico explica que “só a primeira aula é fixa. A partir da segunda aula eles transitam em salas que se organizam de forma multisseriada. Aqui não existe aquela lógica do aluno dentro da sala por cinco, seis horas seguidas. Duas vezes por semana, o estudante se encontra com o seu tutor, um professor que vai olhar para tudo o que ele fez. Investimos muito nesse vínculo entre alunos e tutores. Quando um aluno tem um conflito, quem vai fazer a mediação é o seu tutor”.

Cada professor é tutor de 16 estudantes, em média. Quando o assunto é mais complexo, ele pode pedir ajuda à mediadora de conflitos. Professora readaptada por questões médicas, Soraia El Shaif encontrou na função de mediadora de conflitos, ainda rara na rede pública, um instrumento eficaz para lidar com o caldeirão étnico e hormonal de uma escola tão diversa. A profissional trabalha exclusivamente dedicada a isso, com uma sala neutra onde, por meio do diálogo, trabalha seguindo os moldes da justiça reparativa. “Ela consegue escutar as partes e levar a conversa de forma que as pessoas pensem nas outras, sobre o que aconteceu e como evitar que volte a se repetir. Sempre com muita conversa, tentando resolver primeiro com as crianças. Se nós não conseguimos, chamamos os responsáveis para uma conversa”, explica Cadu Fernandes.  

Reconhecimento do território

Parte importante dos Roteiros Pedagógicos é a questão de pertencimento dos alunos naquele território. “Os professores fizeram um grande mapa do Projeto Político Pedagógico da escola com temas que não poderiam passar despercebidos. Dessa forma, um dos roteiros é sobre as condições e características do trabalho no Pari e no Canindé, abordando o perfil dos trabalhadores, as lógicas de trabalho nesses territórios, as fábricas que se constituíram no Pari e no Canindé durante a revolução industrial tardia da cidade de São Paulo e o histórico da região. Os exemplos são contextualizados no bairro, ou seja, que eles encontram no próprio território. A partir do contexto do aluno, o professor parte para o aprofundamento no livro didático”, exemplifica Cadu sobre o modus operandi dos Roteiros Pedagógicos.

A inspiração, tanto para os roteiros quanto para o reconhecimento e a apropriação do território comum às famílias da escola, veio da troca de experiências e informações com outro grupo de educadores que, do outro lado da cidade, também fez uma revolução pedagógica em uma região até então bastante conflagrada e violenta: o bairro de Heliópolis, que concentra cerca de 100 mil pessoas na Zona Sul da capital paulista. No coração da comunidade de Heliópolis se encontra a Emef Campos Salles, hoje integrada a um CEU e que se tornou um polo cultural e porto seguro para as crianças e os jovens da região.

Em 1999, a Campos Salles viveu uma tragédia: uma aluna de 15 anos, Leonarda, foi assassinada no trajeto da escola para sua casa em uma ação que trazia a marca dos grupos armados que dominavam o local. Recém-chegado à unidade, o então diretor Braz Rodrigues Nogueira não aceitou o toque de recolher anunciado à boca miúda, muito menos a naturalização da violência contra uma jovem estudante, e buscou apoio da Unas (União de Núcleos e Associações de Moradores de Heliópolis e Região) para se unirem em torno da causa da paz. Assim, foi criada a primeira caminhada Sol da Paz, que desde então percorre as ruas do populoso bairro reafirmando o compromisso de todos em fazer de Heliópolis um “bairro educador”. E assim foi e vem sendo feito.

Um bairro educador

Solange Agda da Cruz, que fez parte do grupo que fundou a Unas, lembra que uma das primeiras ações após a caminhada pela paz foi a decisão de abrir a escola para a comunidade. “Era uma época muito difícil. Não havia creche, e a Campos Salles não dava conta de toda a demanda. O primeiro passo dado pelo Braz foi abrir a escola, tanto para os meninos jogarem futebol e empinarem pipa quanto para outras ações”. Uma das táticas do grupo foi entrar para o Conselho Tutelar. “Dessa forma, conseguimos abrir uma representação no Ministério Público para pedir novos equipamentos públicos. A escola se tornou um centro de liderança aqui no bairro. Antes a nossa luta era apenas por morar. Depois, muitos de nós nos formamos e, aos poucos, foram surgindo os equipamentos”, recorda Solange. 

Quem acompanhou atentamente essa transformação, desde seus primórdios, foi a socióloga e educadora Helena Singer, vice-presidente da Ashoka América Latina, que, na época, trabalhava na organização não governamental Cidade Escola Aprendiz e iniciava suas pesquisas sobre escolas democráticas e territórios educativos. Ela encontraria a semente dessas duas poderosas ideias naquele movimento nascido como reação à violência e que, agora, buscava trazer ao bairro carente uma série de equipamentos públicos. Eles chegaram, conforme contabilizou a própria Helena em artigo publicado nesta Educatrix (edição 17): uma escola de Educação Infantil, uma escola técnica e uma universidade aberta, além de onze Centros de Educação Infantil (CEI), oito Centros da Criança e do Adolescente (CCA), sete núcleos de alfabetização de jovens e adultos e dois núcleos do Serviço de Medidas Socioeducativas em Meio Aberto, além do próprio CEU. Também foram criadas uma biblioteca comunitária, um teatro-escola e a Orquestra Sinfônica de Heliópolis, uma iniciativa do Instituto Baccarelli que se soma ao Projeto Curumim, ambas ações que apostam na musicalização de crianças e jovens como estratégia de inclusão social e formação profissional. Afora isso, uma rádio comunitária funciona na região e conta com a participação ativa dos estudantes da Emef Campos Salles – que atualmente atende cerca de mil alunos, além de uma centena de jovens e adultos nos cursos de EJA ministrados à noite.

Para Helena Singer, o fator decisivo para o sucesso da iniciativa foi o espírito democrático do então diretor Braz Rodrigues Nogueira. “O diretor precisa ter essa característica de liderança democrática para transformar um ambiente como uma escola. Embora o diretor tenha papel muito importante, ele não é o centro das tomadas de decisão, ou o único responsável pelo bem-estar de todos, o único que tem todas as informações sobre o que acontece na escola, nem o único interlocutor da escola com a comunidade e com a Secretaria de Educação. Uma gestão democrática vai garantir que esses processos sejam todos coletivos. Vai criar uma forma de todos – inclusive os estudantes, desde pequenos – se sentirem tão responsáveis quanto ele pelo bem-estar de todo mundo”, explica a pesquisadora. 

Princípios, meios e fins

“A transformação [rumo a uma escola democrática] é um processo longo, que requer um investimento de tempo e de esforço. Não vai ser um diretor sozinho que dará conta de fazer isso. Se ele não engajar os professores nesse processo, ele não consegue. É preciso criar um núcleo inicial de pessoas que acreditam e que vão apoiar a direção na constituição desse processo. Às vezes são pais de alunos, às vezes são alunos, às vezes são professores. Ouvindo alguns indivíduos de cada uma dessas categorias é que se vão criando as condições para que a cultura escolar possa ir se transformando. Mas este é um processo longo”, observa Helena Singer, que destaca a importância da escola, como comunidade, de refletir sobre qual seria o projeto de sujeito que ela quer formar. “É preciso pensar em quais são as intenções pedagógicas da escola. Não de uma escola, mas dessa escola, que está nessa área”, sublinha.

Silvia Regina Silva Rocha, a atual diretora da Emef Campos Salles, segue o caminho da gestão democrática e aberta à comunidade iniciada por seu antecessor, que se aposentou. Para enfrentar os conflitos costumeiros a todo ambiente escolar em que se concentram cerca de mil adolescentes e jovens, por exemplo, a direção aposta na mediação entre os pares. Letícia Mendonça Dias da Silva, uma das três coordenadoras pedagógicas da escola, explica como se dá esse trabalho. “Cada salão de estudos, que concentra todas as turmas de determinada série, tem uma comissão de mediação formada por estudantes. São dez membros de cada série, eleitos pelos próprios estudantes no início do ano. Quando eles convocam dois alunos envolvidos em um conflito, há todo um passo a passo para escutarem as partes. Pelo diálogo, eles tentam tirar um compromisso que seja realizável, chamando os estudantes para a responsabilidade por seus atos, que é um dos princípios da escola”. 

Além da responsabilização pelos próprios atos praticados, outros princípios norteiam a escola e sua transformação constante: a solidariedade e a autonomia. Sem dúvida, bons princípios que, se trabalhados com transparência e atenção, se transformam em ótimos meios para os melhores fins: a criação de uma comunidade de aprendizes que se apoia mutuamente em benefício de todos – e de cada um.

Com quantos pais se faz uma boa escola?


Comunidade na Emef Espaço de Bitita

O músico Marcelo dos Santos soube que a Emef Campos Salles era uma escola pública diferenciada antes mesmo que suas filhas, Yaminah e Dandara, se tornassem alunas na instituição. Elas ainda eram pequenas quando seu irmão mais velho, o pai e ele criaram um cursinho pré-vestibular voltado à população de baixa renda do bairro do Sacomã, na zona sul paulistana, que abriga a comunidade de Heliópolis. Com a proposta do Educafro, a família Santos iniciou, em 2000, um périplo entre as escolas e igrejas do entorno, buscando uma instituição parceira que cedesse salas para as aulas do cursinho – trabalho feito por um grupo de voluntários. Depois de diversas negativas, Marcelo chegou à Campos Salles, à época dirigida por Braz Nogueira, que recebeu a proposta de braços abertos, viabilizando a iniciativa, que durou até 2006. “Ele próprio aparecia aos sábados, quando tínhamos aula no cursinho, para conferir se estava tudo certo”, testemunha Marcelo.  

Atualmente, apenas Dandara, a filha caçula, está na escola, e Marcelo é um dos integrantes do Conselho Escolar, que se reúne mensalmente para discutir ações e pensar estratégias para os desafios que surgem. A pauta desses encontros vai desde reparos na quadra ou melhorias na infraestrutura física até a ida de uma comissão de pais à Secretaria Municipal de Educação para questionar o motivo de a merenda de a escola estar reduzida a bolacha e achocolatado.  

Do outro lado da cidade, a jornalista Tatiana Oliveira, moradora do Brás, buscava uma escola que fosse, de fato, inclusiva, para atender as demandas educacionais de sua filha, Maria Helena, que tem hemiparesia, uma condição que compromete aspectos motores e cognitivos. Por meio de uma amiga ela soube que a Emef Espaço de Bitita, localizada no bairro vizinho do Canindé, estava se tornando uma referência em processos de inclusão, já que a instituição abriga 30% de filhos de imigrantes e 11% de alunos com algum tipo de deficiência. “Eu optei por essa escola pelo Projeto Político Pedagógico inclusivo. Nessa escola, minha filha tem uma professora que faz o atendimento especializado no contraturno e percebo a adaptação curricular para que ela consiga acessar os conteúdos, embora não acompanhe o ritmo do restante da turma”, comenta Tatiana. 

A escola se destaca pelo cuidado da equipe pedagógica. “Durante a pandemia, quando a escola fechou, o corpo docente se mobilizou com a vizinhança, principalmente com as igrejas e grupos comunitários. Foram mapeadas as famílias com maior vulnerabilidade para a distribuição de cestas básicas, antes mesmo que a prefeitura começasse esse movimento. Os professores visitaram as casas durante a pandemia, para saber se os alunos estavam conseguindo acessar os conteúdos”. Essas discussões aconteciam nas reuniões do Conselho de Escola, presidido, atualmente, por Tatiana. A eleição é feita em um processo rotativo no qual sempre a presidência e a vice-presidência são exercidas por familiares de alunos — outro sinal de gestão democrática. 

Na escola funciona um projeto de escolinha de futebol, que atende crianças e adolescentes não só da instituição, mas do bairro. Ativa e operante das 7h às 23h, o Espaço de Bitita, à noite, ainda abriga aulas de EJA e de cursos de português para imigrantes. “Essa é uma escola que, se algum pai ou mãe se atrasa pra pegar seu filho, vai encontrar a criança bem cuidada e sem aquela pressa para fechar logo e ir embora”, exemplifica Tatiana.


Para saber mais

  • ASHOKA e Cidade Escola Aprendiz. Portal Movimento de Inovação na Educação. Disponível em: mod.lk/ed25_lr1. Acesso em: 11 out. 2023. 
  • SINGER, H. (2019). Território educativo: Como se tornar uma escola transformadora? Educatrix, p. 62-7. Disponível em: mod.lk/ed25_lr2. Acesso em: 11 out. 2023.
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