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Diálogo: transpondo outros mundos

Fugir do lugar-comum do que acreditamos ser diálogo é o primeiro passo em busca de uma consciência mútua a favor da formação integral.
Texto Ivan Aguirra

“Nem toda conversa é um diálogo. Diálogo é a investigação conjunta na direção de mais compreensão, conexão ou possibilidades. Qualquer comunicação que caiba nesta definição, considero diálogo; se não cabe, não é diálogo”.

A citação acima, do ativista e autor americano Tom Atlee, nos permite refletir sobre como anda o diálogo com as famílias dos alunos e quão qualificado ele tem sido. Em um mundo cada vez mais frenético e multitarefas, estamos nos dedicando a isso de forma preventiva ou reativa?
Etimologicamente, a palavra diálogo vem do grego dialogos (διάλογος), cujo prefixo dia- significa através, enquanto logos significa palavra, razão, discurso. Simbolicamente, poderíamos dizer que o seu objetivo seria transpor outros mundos em busca da razão, do conhecimento mútuo e coletivo; é o que nos une como forma de fazer circular significados e conexões.

Dialogar exige aprendizado e não há melhor lugar para isso do que a escola. O diálogo não deve levar as pessoas a defender suas posições pré-estabelecidas, com o intuito de ganhar discussões. Ao contrário, o essencial aqui é construir e potencializar vínculos, para dar visibilidade e estimular a compreensão de tudo o que dificulta a percepção das relações humanas.

Exercitar o diálogo não pode se restringir a momentos de atrito e de resolução de problemas, deve ser um trabalho sistemático e contínuo, na escola e fora dela, por meio de novos canais de comunicação que vão muito além dos tradicionais bilhetes na agenda dos alunos e cartazes no portão da rua. Escolas que têm institucionalizados esses canais unilaterais de conversa não estão acostumadas a ouvir a voz dos pais no dia a dia e sabem que, quando eles batem à porta, muitas vezes o problema já está instaurado. Abster-se do diálogo é jogar a sujeira para debaixo do tapete; e nos últimos tempos, esse tapete tem sido os grupos de pais no WhatsApp.

É fundamental que as famílias tenham visibilidade, desde a primeira visita para conhecer o colégio, que ali existem redes de diálogo consistentes, em sintonia com o projeto educativo da forma mais ampla. Isso aproxima, dá segurança, promove identificação e se transforma em um cartão de visita daquele lugar. Passa pelo processo de educar-se e educar as famílias para essa nova forma de ver e agir sobre as questões cotidianas. Se todos compartilharmos um projeto em comum, o compromisso será mais consistente, e gestores e professores terão aliados para além de suas dependências, minimizando o embate clássico entre família e instituição.

Afinal, a escola precisa ser um espaço dedicado a pensar de modo diferente, colaborativo, amplo e diverso. Será que nossa fala está sendo mais usada para separar ou para unir?

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