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Território educativo

Em Maranguape (CE), Escola Municipal José de Moura usa o território como oportunidade de aprendizagem.
Texto Portal Porvir – Foto Bruno Marinho Monteiro

A cerca de 50 km de Fortaleza (CE), o distrito de Cachoeira, na região rural de Maranguape, tem uma história marcada por resistência e trabalho coletivo. Para preservar a memória dos antepassados que deram origem ao centro comunitário, a Escola Municipal José de Moura passou a usar o território como uma extensão da sala de aula. Por lá, as crianças participam de passeatas pelas ruas, aprendem com os relatos de vizinhos e exploram o Ecomuseu da cidade, que promove a educação patrimonial e o fortalecimento da identidade local.

“Muita gente acha que a nossa escola é diferente, mas para quem está aqui, no dia a dia, é normal. Eu diria que o mais importante é o envolvimento com a comunidade”, destaca Antonia Leda de Assis, diretora. Apesar de estar há pouco tempo na gestão, ela acumula 30 anos como professora na instituição. Entre tantas razões, orgulha-se de conhecer a família de cada um dos quase 300 alunos. “Para trabalhar o aluno como um todo, é importante conhecer a sua família”, destaca.

A relação com a comunidade acontece de maneiras distintas. De um lado, a escola se aproxima do entorno na organização de festas tradicionais, como a Farinhada, a Festa do Feijão Verde e a Cavalgada. Por outro, recebe e envolve as famílias em atividades rotineiras da escola. Nas turmas de Educação Infantil, todos os dias uma criança leva a “maleta viajante”, que contém vogais, formas geométricas e brincadeiras o trabalho em casa. Para a alfabetização, as professoras também desenvolvem uma atividade conhecida como “caixa surpresa”, em que as crianças precisam pedir ajuda para a família para trazer um objeto de acordo com a letra que está sendo trabalhada. Em sala, a turma precisa adivinhar o que está dentro do embrulho.

“Desde 2000, a forma de ensinar mudou muito. Parece que agora meu filho aprende mais.” De acordo com Antônia de Fátima, mãe de Gustavo, o envolvimento das famílias com a escola também mudou. “Sempre tem coisa para a gente participar. Eu venho sempre que posso”, diz ela.

Ecomuseu de Maranguape
O equipamento cultural foi instalado em um antigo casarão, erguido na metade do século 19. Hoje ele tem a proposta de preservar a história da comunidade, dos seus moradores e da cultura local.

A comunidade também educa

Não são apenas as famílias que se envolvem. “A comunidade também educa e participa de forma maciça de tudo”, afirma o coordenador César Neto. Seja compartilhando saberes ou acompanhando passeios pelo território, os vizinhos são convidados a interagir com os alunos. É o caso da antiga moradora Maria Aleluia de Souza, que vez ou outra recebe as crianças na sua casa para contar histórias no quintal.
Outro espaço da comunidade que já se tornou uma extensão da sala é aula é o Ecomuseu de Maranguape. O equipamento cultural foi instalado em um antigo casarão, erguido na metade do século 19. Hoje ele tem a proposta de preservar a história da comunidade, dos seus moradores e da cultura local.

Currículo vivo

Na avaliação de Erlandia Pessoa, coordenadora da Secretaria de Educação de Maranguape, o conhecimento local é um dos destaques que a escola traz no seu projeto pedagógico. “Às vezes, a criança conhece tantos lugares pelos livros, mas não sabe o tipo de solo e clima da própria comunidade. Não que estudar outros estados e países não seja importante, mas você precisa do conhecimento local. E eles fazem isso muito bem aqui”.
Ela ainda cita como destaque o fato de a escola trabalhar com uma concepção de currículo vivo, que transforma tudo em um ambiente de aprendizagem. “Isso não deve ser uma coisa de outro mundo, precisa ser natural. O diferencial da escola é fazer com que as crianças participem da aprendizagem e sejam protagonistas. Nós percebemos isso aqui.”, comemora.

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